sábado, 11 de fevereiro de 2012

RITA e RAJ
















Em dezembro do ano passado, minha filha mudou-se para Bertioga. Antes de assumir o cargo para o qual foi chamada, teria que fazer um treinamento em São Paulo durante 15 dias.

Assim, ela resolveu deixar aqui na cidade os seus bichinhos de estimação que fazem parte da família, a cadelinha de médio porte Rita e o gato Raj. Isso até que ela fosse ficar definitivamente na praia. A Rita ficou na casa de uma amiga dela, que já tem um casal de cães e o Raj ficou na minha casa, onde já moram a Pipoca e o Petrúquio, meus gatos.

A Rita e o Raj são vira-latas e foram adotados pela minha filha há alguns anos. Ela é branca com pintas pretas e ele é amarelinho rajado de branco. Ambos são lindos.

Quando ela veio buscar os bichinhos em São Carlos, pediu-me para acompanhá-la na viagem, para ajudar a cuidar deles no percurso e para revezarmos na direção. Afinal, Bertioga é longe!

Pretendíamos sair às 4h, mas só conseguimos sair às 6 da manhã. A Rita foi presa no cinto de segurança e o Raj numa caixa apropriada para transportar animais. Tudo conforme as instruções da veterinária. Como prevíamos, o Raj foi miando o tempo todo e a Rita foi deitada embaixo do banco. Ela é muito medrosa.

Fizemos várias paradas para oferecer água aos animais. Fazia muito calor e o carro da minha filha não tem ar condicionado. Mas eles não quiseram beber nada, não teve jeito. E o Raj miava, miava, miava alto.

O tempo passava e íamos nos aproximando do nosso destino; o sol cada vez mais forte e o calor insuportável. Quando estávamos quase lá, o Raj parou de miar. Era minha filha quem estava dirigindo.

Eu olhei para ele no banco de trás e fiquei muito assustada. Ele estava de boca aberta, parecia desidratado e muito mal. Não tinha posto de gasolina, nenhum lugar decente para pararmos. Mesmo assim, eu disse para minha filha parar o carro porque se os bichinhos não bebessem água imediatamente, não sei o que poderia acontecer. Ela parou no acostamento.

Pegamos as garrafas de água e com o dedo mesmo enfiamos água goela abaixo da Rita e do Raj e também jogamos um pouco no pelo deles para refrescá-los. Ninguém pensou que seringas seriam ótimas nessa hora. Nem a veterinária…

Já era quase meio dia.

Depois que eles ficaram bem, eu desabei a chorar, morrendo de dó de quem nem sabia para onde estava indo, nem por que. Bichinhos reagem, mas não opinam.

A história não acaba aqui, mas foi um capítulo do qual não vou esquecer tão cedo.

Priscila Willik – 05-02-2012